3 de jun. de 2009

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Vozes da primavera

Joãozinho engatinha pela copa chacoalhando alguns brinquedos e balbuciando umas quase-palavras. Maria, sua mãe, prepara o almoço e cantarola enquanto apanha a cutela. Põe a mão sobre a tábua de carne e desfere golpe inesitante sobre o pulso. A mão semipendurada pelos nervos. O sangue espirrado na parede, nas faces, em Joãozinho, que começa um choro sem ar. Maria serra os tendões, sua mão treme em cima da tábua durante o processo. Então, atira a mão em Joãozinho gritando: aí está seu almoço!

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2 comentários:

Josely Bittencourt disse...

Ozes da imavera,

dizia Joãozinho Hannibal Lecter: só as mãos são felizes!

Graça Pires disse...

Um arrepio!
Beijos