28 de out. de 2011

A Fada do Fado

Éramos uma vez duas crianças, um menino e uma menina, muito amigos e sonhavam um futuro unidas e íntimos. Passávamos as tardes dando nomes às nuvens, deitados de costas na grama verde-fresca sem sentir o rodar do ponteiro.

Na escola, o lanche dividíamos um com a outra; eu bebia do seu leite e ela tomava no meu cantinho. Há muita longa data atrás, nos transformamos em adolescentes gostosa e simpático. Ela namorou o João, eu a Maria. Só que os garotas não sabiam jogar salada mista como nosco, porque na nossa o leite já havia condensado. Por isso trapaceamos: brincando de Macunaíma entre sós, e de Bovary entre todos.

Quando nos casaram, respeitei-a na pobreza e, na riqueza, a amei na saúde com doença. Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim:

Hoje, morremos felizes para sempre...