15 de dez. de 2008

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Das muitas águas escorre sangue vencido
A terra vegetou por longos tempos
Tanto que desejou gordura
Satisfeita e decadente, invejou o oceano
Quis ser Deus por um momento
Firme inconstância do destino

No clima murmurado de Dezembro
Lástima de sol desgraça o vento
Chuva de poeta não mais existe
Veia inerte agora logra miscível
Sob a derme, resquício do que foi terra
Gosto pela gota do inverno
Do inferno
Pinga devastação

* * *

Vergo linha
Muito morno
Bebo catástrofe

Faca aguda
Pulso firme
(vocação nenhuma, Clarice)

Aterrado fica o corpo
Está o corpo
Que não habita mais
Não há mais fruto

A terra mesmo nos une?
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