3 de jan. de 2008

Recomeço

Ele procurava em meio às esverdeadas colinas, cobertas por gramíneas, ora subia e olhava de cima do monte a avistar melhor todo aquele imenso campo, ora descia quando julgava ter encontrado o que procurava.
Ela ergueu os olhos para o azul celeste, fechou um pouco as pálpebras cansadas e observou o céu desejando encontrá-lo. Talvez esperasse ele descer como um cristo para salvar à humanidade, mas nada acontecia. Tudo era esperança. Nada daquilo fazia sentido, percebeu que não ia durar muito e a Raça estaria enfim extinta.
Buscou no marulho, na brisa e na vastidão do mar almejar o que era fundamental para a vivência de uma espécie que aprendeu a nadar como os peixes, voar como a águia, mas, agora, tudo isso era inútil.
Os dois se encontraram próximo ao rio, que descia sereno e constante sob e sobre a trilha pedregosa e bela, que a cada instante mais esbelto tornava-se.
O olhar vazio de um tocou o triste do outro.
Sem esperança, continuaram a essencial caça ao tesouro mais precioso que o Homem já conhecera. Subiam montanhas, entravam em igrejas, contando com o milagre, percorriam cidades inteiras, campos, serras e praias. Por todos os lugares onde passavam viam um número cada vez maior de animais, mas nenhuma pessoa.
Porém, nunca encontraram e este foi o fim da espécie que não soube aproveitar o dom supremo que havia herdado. Quem sabe o Criador transportou este fenômeno abstrato para um planeta longínquo no continuum espaço-tempo, quiçá encontrou criaturas que davam o devido valor que ele merece.
Jamais saberão onde, quando e como o Amor findou-se, mas agora não adianta mais.