25 de dez. de 2007

Mamãe Noel

Esperei receber seu recado
Dentre tantos inúteis natalinos
Não encontrei meu relicário.

Com traquinas matei o tempo
E com a família me distraí
E o que faço agora sozinho
É somente me lembrar de ti.

Vem a hora e agora é
Você diz que irá buscar
Em meus braços o que perdeu
No tempo de imaginar.

E não bastam os meus braços,
Boca, peito e minha mão em seu seio
Sua em mim que seu é meu suor.

(Quanto mais baixa a estrofe
Mais quente o verso sobe)

Lépido, levanto a saia
Com minha glande erguida
Em seu glúteo sem saída.

Arranco, então, a peça derradeira
E, despida conivente, você pede: beija!
Com espaço de uma língua, seu clitóris
Se separa da minha abóbada palatina
Fazendo a alegria desta noite natalina.

9 de dez. de 2007

Boêmio

Cerveja gelada
Assopra meu fogo gole
Que desce gostoso

Este hai cai supra
Escrito fiz num boteco
Lugar escondido

O astro-rei já chama
Só não quero ir embora
E lá vem a Brahma

4 de dez. de 2007

Rascunho

Quero achar a solução para você, poema meu.
Mas você se acanha
e se esconde no verso de cada folha.

26 de nov. de 2007

T. S. Eliot

Quem é o outro que sempre anda a teu lado?
Quando somo, somos dois apenas, lado a lado,
Mas se ergo os olhos e diviso a branca estrada
Há sempre um outro que a teu lado vaga
A esgueirar-se envolto sob um manto escuro, encapuzado
Não sei se de homem ou de mulher se trata
- Mas quem é esse que te segue do outro lado?

.

8 de nov. de 2007





Uma vez carente de atenção
Misturei meus ideais sublimes
Numa silhueta romântica
Com sabor de utopia e
Não soube dividir
Em perfeita simetria
Meu onirismo da razão
Que era minha amiga





O sentimento que dá origem à amizade é crescente, se souber respeitar os limites, não linear, pois todo relacionamento é passível de conflitos, e, estes fecundam conhecimentos sobre o outro que, não houvesse o atrito, ficariam obtusos.
Existem amigos que passeiam em nossas vidas, mas, igualmente, são como chicletes, quando pensamos que eles não voltarão surgem com aquele inato sorriso e brincadeiras que, para outros, não fazem sentido.
Ademais, outros vivem fisicamente longe, porém próximos em espírito e parece mesmo haver um elo psíquico que avisa quando o amigo está em alguma dificuldade.
Alguns entram e saem da nossa convivência e, como numa cópula, geram frutos benignos ou não.
Sabe, amiga, sempre tive grande apreço pelos meus amigos e hoje tenho muito mais. Certas pessoas que conheci me ajudaram de tal forma que meu modo de ver o Mundo e o Homem transfigurou-se em uma ideologia mais coerente com a realidade.
Há um dito pelas ruas que diz que não existe amizade entre homem e mulher. Se isso for verdade, tenho muitas namoradas.

26 de out. de 2007





À margem, há mar
es trondosos
con toadas que
soam à-toa
mar orla
sob troa da
tempesta de
nu vem nubente
que pinga na pedra
sangue transpa
rente ao inverno
luar vernal vira
halo mar ginal

19 de out. de 2007

Jantar, à luz de velas

Tristeza posta à mesa do jantar
Acompanhada com sorrisos fingidos
Corroboram as meias verdades ditas
Com sete mentiras escondidas.

A barbárie da guerra civil
Mesclada à diversão da juventude
Serviu hoje mais um cadáver
Deixando o peixe insosso.

A cadeira vazia dá lugar ao fantasma da saudade,
Que não diz que vai chegar depois das dez
Que não pede sequer um copo d’água.

O suco de goiaba remete ao sangue inocente, pisado
E tem gosto de vingança inútil
Nesta ceia, a esperança é uma Quimera.

17 de out. de 2007

Lunático

Duma Lua muda
Jogo pedra na calçada
Lotada de gente

16 de out. de 2007

Antes de Dormir

Faço força para me concentrar nas imagens
O filme é de guerra — Eastwood
Soldados suicidam-se com a granada ao lado do peito
A honrar seu país. Eu não lutaria por esta terra,
Que só traz mazelas, fome, frio e guerra civil
Hoje, eu não lutaria por nada e nem por ninguém
O medo me dominou.
Medo da polícia, dos bandidos,
Medo de me apaixonar, de olhar embaixo da cama.
E da morte? Eu temo à morte?
Deus, Diabo. Céu, Inferno. Luz, Trevas.
O Homem é o umbigo do Universo, por isso não aceita
Viver só setenta, oitenta anos.
Daí criou Deus e o paraíso,
Mas tem que ser bonzinho pra subir, viu!
Quando o Japão vê a guerra finda e a batalha perdida,
Percebo que pensei em tudo menos no filme.

15 de out. de 2007




Die, Die My Darling

Morra, morra, morra minha querida
Não diga uma única palavra
Morra, morra, morra minha querida
Apenas feche seus lindos olhos
Eu vou lhe ver outra vez
Eu vou lhe ver no inferno

Não chore pra mim, oh baby
Seu futuro é em uma caixa oblonga
Não chore pra mim, oh baby
Deveria ter previsto isso
Não chore pra mim, oh baby
Eu não sabia que isso estava em sua boceta
Não chore pra mim, oh baby
Garota sem saída para um cara sem saída
Não chore pra mim, oh baby
E agora sua vida se esvai por aquele chão
Não chore pra mim, oh baby

14 de out. de 2007

E se...

E se eu disser que te amo, mas as palavras saírem trêmulas de modo a entregar minha falsidade?
E se eu disser que posso sentir meus leucócitos morrerem, um a um, deixando-me incapaz de qualquer imunidade, até mesmo de uma gripe?
E se eu disser que as pessoas se divertem com algo que é a causa da minha doença?
E se eu disser que as estrelas tentam, em vão, imitar o brilho dos seus olhos?
E se eu disser que só fui legal com você por que estava interessado na fenda entre suas pernas?
E se eu disser que estou arrependido por não ter aceitado o seu pedido de namoro simplesmente porque queria curtir meus dezenove anos?
E se eu disser que entendo mais de amizade que amor?
E se eu disser que o seu perfume me excita mais que você?
E se eu disser que a morte é a salvação?
E se depois da morte existir somente o nada?
E se eu não existir?
E se eu transar com Angelina Jolie, fará alguma diferença em minha vida, serei feliz?
E se você me disser que eu só sirvo como amante, contudo não conseguir me deixar?
E se eu disser que todo esse relacionamento não passa de um jogo de interesse e que você não o ama?
E se eu disser que sinto saudade?
E se eu disser que não?
E se eu disser que prezo tanto sua amizade que sinto medo e não quero que você conheça meus defeitos?
E se eu disser que sofro mais por minhas amigas que paqueras?
E se eu me casar?
E se eu disser que o sol não tem mais o mesmo brilho que outrora e que a chuva me deixa eufórico?
E se eu disser que todas as noites, que consigo dormir, sonho contigo?
Mas eu nada digo.

6 de out. de 2007

Cronologia

O tempo é Deus
O Diabo a relatividade.

28 de set. de 2007

Depressão

O marasmo me deprime.
Com esta melancolia me ofendo.
Quando finjo, existo.
Quem me ergue tira-me o motivo.
Qualquer isso, desisto.
Quem destrói meus devaneios?
Absinto.

21 de set. de 2007

Medo de Criança

Em fria madrugada, despertei,
Sem saber o porquê, quem ou o quê
A mim incomodava e me queixei:
Fale! Quem é você, soturno ser?

O silêncio, então, quebrado foi
Com ruídos estranhos de fazer
Minha imaginação criar na noite
Tremores nas entranhas do meu ser

Pela janela, luz lunar entrava
Sombras eram formadas em meu quarto
Sinto um odor de pus e uma desgraça

Que me observa calada e deturpada.
Pendurada sem jus pela garganta
Balança uma infante ma’abortada

4 de jul. de 2007

A Escolha

Tê-la em meus braços
Vê-la de longe
Não me provoque!
Não te assanho.
Quero você
Ter ou não ter?

Vira de costas
Pra ir embora
Deixo que vá.
Como rebola!
Quero sorver
Todo teu ser.

— Dá meia volta! —
Digo pra ela.
Ela me olha
E não dá trégua
Que vou fazer?
Quero saber.

Chego mais perto
E ela desiste
Lábios abertos
Fogo existe.
Vamos sofrer
Ígneo prazer.

Timidez

As palavras ficam tímidas,
Quando pego na caneta,
E se acolhem lúgubres
Dentro da minha cabeça.
Porque os sentimentos
Que estão cá dentro
Não falam a mesma língua
Que a ponta da caneta.

Desejo Fúnebre

Um dia
Eu queria
No mundo
A minha dor.

Numa tarde
Eu teria
A morte
Do meu amor.

E da noite
Eu faria
Uma lápide
Sem flor.

Um dia para esquecer

Às quatro e meia, Morfeu tirou meu sono.
Às sete e meia, fiquei mudo.
Quinze horas, tiraram-me o chão.
E, como se não bastasse,
Limitaram minha amizade.

21 de jun. de 2007

Barker

"Então sua concentração enfraqueceu, e ela viu o mundo invisível tornar-se visível, com Simon dependurado no ar, enquanto os mortos escreviam em seu corpo por todos os lados, arrancando punhados de cabelos da sua cabeça e do seu corpo para conseguir mais espaço na página, escrevendo nas axilas, nas pálpebras, nos órgãos genitais, no rego entre as nádegas e nas solas dos pés.
Escreveram sobre ele; tatuaram seus verdadeiros testamentos sobre sua pele para que McNeal nunca mais encarasse a tristeza em vão. Transformavam seu corpo num livro, um livro de sangue, cada centímetro minuciosamente entalhado com suas histórias.
As histórias seguem, dissera o garoto. Sangram e sangram.
Nas páginas seguintes estão as histórias escritas no livro de sangue. Leia-as, se quiser, e aprenda.
É melhor estar preparado para o pior, afinal. Além disso, é prudente aprender a andar antes que a respiração termine."

Aonde está você agora além de aqui dentro de mim?

Todos os dias antes de dormir, eu lembro e esqueço como foi o dia, lembro das tardes que passamos juntos na UFES e agora o que sinto não sei dizer!
Até hoje achava que a solidão é que me caía bem, mas você veio e me mostrou que nós temos todo o tempo do mundo! Mesmo assim ainda estou confusa, só que agora é diferente, agora já não sei dizer o que aconteceu, se tudo que sonhei foi só um sonho meu!
Quando eu te encontrei, só queria alguém com quem conversar, mas de uns tempos pra cá, meio sem querer alguma coisa aconteceu!
E depois disso, quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que existe razão?
E é só você que provoca essa saudade vazia, quando me lembro de você em dias assim, dias de chuva! E lembro das tardes em que passamos nas pedras, onde você me dizia - olhe nos meus olhos - e eu dizia - eu gosto de você também!
Agora ninguém mais vai me dizer o que sentir, você é parte do que me faz forte e pra ser sincera muito feliz!
Você me toca como se fosse quebrar, parece me despir com os olhos! E eu disfarço e digo - não me olha assim, eu sou parte de você também!
Tudo pode estar estranho agora, mas nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém, só penso em você! E aí então você se torna aquele com o qual a vida faz sentido! Momento que se tornou eternidade quando um beijo aconteceu!

Renata

Tira as madeixas de trás das orelhas
Faz charme quando cai sobre sua face
Digo pra criança: solta os cabelos!
Mas persistem sob o lóbulo, num impasse.

No jogo da sedução é honestamente
Eficaz, na aposta, porém, roubar-me
(é ênclise) foi capaz. Mas tão somente
cumprirei o trato por muito lhe prezar.

Anda com o charme da flor da idade
E tem cheiro de Capricho campestre
Vejo, sinto, pressinto maldade.

Amizade matizada, celeste,
Que à noite é estrelada de saudade
E na aurora ilumina o meu leste.

28 de abr. de 2007

Minha mente mente, me metendo muito medo

Machuca-me mesmo morena, mas malícia me mostrará melhores meios. Menina mentirosa, malandra, malvada.
Mulheres maculadas metem mais, menos, mais, menos. Malgrados merecem.
Manápulas mexem mamas meladas, Meu Milagroso, mostre-las medidas morais.
Mundo mentecapto.
Mude!
Melhore!
Mate-me!

Ka

Não desanime! A fria sombra da lápide, que a todos acolhe, se aproxima com vagar como uma nuvem negra que vem chegando silenciosamente para provocar a fenomenal tempestade em sua vidinha de merda.

19 de abr. de 2007

Não perturbe!

Que barulho insuportável de gente, carro, som, batucada, grito, cachorro, ônibus, mais gente, minha mente, professor, cliente, vida e morte.
Queria eu poder enfiar uma rolha bem grande na boca dessa velha que não pára de tagarelar. Será que ela não percebe que não é de meu interesse saber que o filho dela está comendo sua cunhada?
Alguém quer fazer essa criança fechar a matraca.
Aonde esconderam o silêncio? Debaixo do oceano, no fundo do copo? No meu ouvido que não foi. Meu tímpano é a arquibancada do Maracanã em dia de Vasco e Flamengo.
A virtude do sábio é ouvir, e ouvir hoje é um luxo, ninguém escuta mais, todos falam em uníssono causando uma balburdia opressora.
Quando ocorre uma tragédia pedem que façamos um minuto de silêncio, ora, deveriam pedir uma hora ou, por que não, um ano?
Precisamos ouvir o silêncio.

"E o que tem depois de Deus, pai?"

O que quer de mim?
Por que me aflige com este espinho na carne?
Por que não me deixa sentir paz?
Quantas vezes lhe pedi para que afastasse de mim este cálice?
Por que me perturba?
O que fiz para merecer tal castigo e perseguição?
Por que nada mais acontece?
Ainda me ouve?
O inferno é aqui?
Estou preso aqui fora?
Você tem mesmo as respostas?

17 de abr. de 2007

Clarisse


- Cansou-se deste mundo, Clarisse? Com aquelas pessoas te vilipendiando e chamando você de louca. Sendo falsas contigo, te humilhando por não compreenderem o que você faz quando se sente só e por que faz. Não querem que você ouça estas músicas e leia estes livros porque eles lhe farão mal, mas o que elas não entendem é que isso foi tudo o que restou para você nesta terra. Não se dê por vencida, reaja! Elas desejam te transformar em mais uma cópia anatemática. Você se lembra daquele menino? Dizem que foi internado por falta de atenção dos amigos, parentes e das lembranças dos sonhos que se mostraram utópicos, não deixe que aconteça o mesmo com você, pois sonhos são apenas uma vontade de ter o que desejamos e, quando você realiza seu sonho, tem que preencher o espaço dele com outro, isso nunca pára. E aquela sua amiga? Nem se sabe como ela partiu.
- À noite, Clarisse, pode-se ver o medo estampado nas faces das pessoas gerando racismo e preconceito, livre-se disso também. Não tenha medo. Venha comigo. Eu sou a sua morte e lhe quero bem.
- Esta violência exacerbada contra meninas e mulheres é a conseqüência da verdade ter sido transtornada. E o que é a verdade? Um acordo entre mentirosos, nada mais.

Quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito, Clarisse sente que o anjo triste está ao seu lado. Deitada num canto do banheiro ela paga sua passagem só de ida rumo ao desconhecido, o preço são dois cortes que ela faz nos pulsos, não sente dor, apenas observa o sangue escorrendo para o ralo, sua visão começa a embaçar, o corpo começa a perder a rigidez e ela cai num sono profundo. Clarisse agora voa pelo caminho mais bonito.

12 de abr. de 2007

Monotonia Social

Sangue jorra em praças públicas.
- Bom dia!
- Dia!
As pessoas andam amedrontadas pelas ruas.
- Vai à praia hoje?
- Vou.
Crianças comem e bebem drogas.
- Que horas?
- Agora.
Políticos cruzam os braços.
- Posso ir contigo?
- Pode.
E nossa rotina continua imutável.

7 de abr. de 2007

“Sossegue Carlos, o amor é isso que você está vendo”.



Acordei, ouvi Mozart, e coloquei um vídeo sobre Drummond.
Quer maneira melhor para se inspirar e escrever?
Pois te digo que até alguns minutos não tinha uma motivação tal qual recebi agora.
Aquela imagem meramente distorcida pela rede invadiu minha tela, quão boa foi a surpresa, quão ruim foi a distância. Quem inventou a distância realmente não conhecia a saudade.
Ao choque daquela visão, senti como agulhas tremendo em meu baixo ventre e, à medida que observava, algo frio e quente ia subindo até o coração e ali estacionava.
Enquanto teclávamos, ela sorria mostrando marfins que iluminavam toda escuridão de minhas retinas e me levavam à luz de seus olhos castanhos-escuros.
E seus lábios, ah! Finos, quentes, lúbricos e úmidos transformariam o ser mais taciturno deste mundo no mais bem-aventurado.
Agora ela se despede com dois pontos e um asterisco.
E fica na minha memória a lembrança de seus longos cabelos.

5 de abr. de 2007

Mar

- VOCÊ NÃO ESTÁ BEM. - Quando ele disse isso senti que me olhava, não nos olhos mas além deles.
Não entendo como pude ficar tanto tempo longe de você, esta paz que sinto quando chego aqui, não sei se é melhor estar na parte verde, azul ou branca. Tudo que sei é que mesmo de longe, só observando sinto toda a minha tristeza ir embora, é maravilhoso, fenomenal, as pessoas vêm aqui para procurar coisas, eu venho aqui para me encontrar e ele sempre me ajuda.
Quando estou dentro de você é como flutuar, leve, solto, sem problemas e minha ansiedade se esvai junto com as minhas impurezas. Isso tudo é muito bom mas à realidade retorno e tudo ao meu redor parece triste, deprimente, nostálgico, monótono (detesto monotonia), depressivo é o meu modo de sentir as coisas e vê-las. Estou sempre questionando tudo e todos.
Um dia volto para lhe ver novamente.
- EU SEI, EU SEI.