10 de jun. de 2008

Anatomia de uma poesia morena


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Pernas

Dísticos verticais,
Seu destino é se cruzar.

Mão

Para nos tocar
Numa melodia,
Foi composta tão
Delicada quanto
Uma redondilha.

Boca

Como nave rósea
Me faz ascender
Ao céu onde prostro
Meu sacro desejo.

Com ela proclama
Benditos segredos
Oblados na cama.

Sopra minha nuca,
Morde minha alma,
Nina o meu jugo,
Parte minha carne

E imola a mim
Feito decassílabo
De versos partidos.
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4 comentários:

Josely Bittencourt disse...

humm, poesia morena com pernas, mão e boca...

Menino Luiz, legal, corpo e verso, gosto muito dessa relação.

Hanne Mendes disse...

Humm, esse eu vi de primeira mão, na verdade antes de ser acabado, né?
Ficou muito bom.

Beijo.

Hanne Mendes disse...

Mais um comentário:
Já não bastasse a criatividade de representar pelo número de versos as pernas e os dedos das mãos, na parte da boca, nosso poeta usa de forma clássica(soneto) e métrica fixa, demosntrando a perfeição, mas que, num beijo(quem sabe), acaba "metendo os pés pelas mãos..."
Ficou muito bom. (volume II)

Mésmero disse...

O beijo (bem dado) desconstrói a razão, parte a métrica, afina o lirismo. Além de fazer bem pra saúde. rs