15 de dez. de 2008

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Das muitas águas escorre sangue vencido
A terra vegetou por longos tempos
Tanto que desejou gordura
Satisfeita e decadente, invejou o oceano
Quis ser Deus por um momento
Firme inconstância do destino

No clima murmurado de Dezembro
Lástima de sol desgraça o vento
Chuva de poeta não mais existe
Veia inerte agora logra miscível
Sob a derme, resquício do que foi terra
Gosto pela gota do inverno
Do inferno
Pinga devastação

* * *

Vergo linha
Muito morno
Bebo catástrofe

Faca aguda
Pulso firme
(vocação nenhuma, Clarice)

Aterrado fica o corpo
Está o corpo
Que não habita mais
Não há mais fruto

A terra mesmo nos une?
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4 comentários:

Josely Bittencourt disse...

Dois por um?

sem vocação nenhuma fico pensando em metáforas para Morno, gosto do termo.

Jorge Elias Neto disse...

"vergo linha
muito morno
bebo catástrofe"

Um bela construção. Parabéns!

Jorge Elias

Graça Pires disse...

"No clima murmurado de Dezembro" venho dizer o meu desejo de um Natal excelente. Um abraço.

Zzr disse...

não há...

o que nos resta deste clima está aterrado, portanto. E quem precisa de uma chuva de poetas depois disso?


taí.
você nunca perde o ritmo!
boas férias, mas volte.