29 de jul. de 2008

Fazenda de Crianças

As pessoas querem saber por que eu faço isso,
por que eu escrevo essas coisas tão horríveis.
Eu gosto de dizer a elas que eu possuo
o coração de um
.
garotinho, e eu o guardo
num pote em cima da minha escrivaninha.
King

Era um sábado de céu azul quando acordou com a máquina que bombeia o sangue batendo forte, suas mãos pareciam untadas de tanto suor, as pálpebras se recusavam a permanecer fechadas, retirou a coberta de sobre o corpo, levantou e caminhou até o banheiro, viu sua imagem no espelho e permaneceu alguns segundos imóvel olhando assustado para ela. Sua pele amarelada transpirava continuamente, as íris cor de mel estavam quase escondidas pelas pupilas dilatadas, como se houvesse usado cocaína. Abriu a torneira e jogou água no rosto a fim de despertar-se por completo.
Bento gostava de passar os finais de semana em seu sítio, em Terra Vermelha Dois, para descansar do estresse rotineiro que o afligia.
Quando saiu do banheiro, atravessou o corredor em direção a sala, o chão de taco escuro criava ao ambiente uma aparência soturna mesmo para um sábado de céu azul. Quando chegou à sala deparou-se com uma mesa de mogno, a qual não era rodeada por cadeiras, e, em cima dela havia uma criança deitada, era pálida e estava nua.
Minuciosamente Bento começou a trabalhar o cadáver. Primeiro ele incisava com o bisturi acima do esterno e traçava uma linha reta até a região pubiana, em seguida retirava tangencialmente o tecido epitelial, de forma que a pele saía inteiriça. Fazia isso como quem retira o excesso de pele de um frango, só que para Bento a pele era o principal.
Depois de retirada, a pele era cuidadosamente lavada e posta para secar. Dessarte, ele cosia as peças.
Quando terminou a extração, seguiu para outro cômodo da casa, este ficava atrás de uma falsa estante, que era na verdade uma porta. Abriu-a e acendeu a lâmpada. A casa era desenhada de tal forma que quem chegasse ali nunca desconfiaria de um cômodo escondido e ele era espaçoso, dentro tinha uma máquina de costura profissional, uma mesa de mármore e, do lado oposto, um guarda-roupas. Em cima da mesa havia diversas roupas: blusas, camisas, calças, gorros. Todos feitos com peles infantis.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom esse. É muito bom mesmo.